domingo, 12 de fevereiro de 2012

ANTONIO FRANCISCO LISBOA, nosso Aleijadinho

Aleijadinho - (Arquiteto e escultor brasileiro) - 1730-1814
Antônio Francisco Lisboa, nosso Aleijadinho, tinha esse apelido devido a uma doença degenerativa que provoca a perda dos membros – discute-se se sífilis, lepra, tromboangeíte obliterante ou ulceração gangrenosa das mãos e dos pés. Nasceu na antiga Vila Rica (atual Ouro Preto), Minas Gerais, filho de um arquiteto português, Manuel Francisco Lisboa, e de uma escrava de quem se sabe apenas o primeiro nome: Isabel.
Aleijadinho foi arquiteto e escultor do Período Colonial, sendo considerado o artista mais importante do estilo Barroco no Brasil. Apesar de, formalmente, só ter recebido a educação primária, cresceu entre obras de arte, já que, além de seu pai, um dos primeiros arquitetos de Minas Gerais, conviveu muito com o tio Antônio Francisco Pombal, conhecido entalhador das principais cidades históricas mineiras.
Aleijadinho deixou mostras de seu talento em Ouro Preto, Sabará, Caeté, Catas Altas, Santa Rita Durão, São João del-Rei, Tiradentes e Nova Lima, cidades de Minas Gerais, onde desenhou e esculpiu para dezenas de igrejas. Em Mariana, assinou o chafariz da Samaritana e, a Congonhas do Campo, legou suas obras-primas: as estátuas em pedra-sabão dos 12 profetas (1800-1805) e as 66 figuras em cedro (1796) que compõem a Via-Sacra.
Ocupado com encomendas que chegavam de toda a província, Aleijadinho tinha mais de 60 anos quando começou a esculpir as famosas imagens de Congonhas do Campo. Nessa época, já deformado pela doença que lhe inutilizara as mãos e os pés, trabalhava com o martelo e o cinzel amarrados aos punhos pelos ajudantes. Apesar de ter sido respeitado em sua época, Aleijadinho, após sua morte, foi relegado a um quase esquecimento. O reconhecimento de que sua obra – o Barroco reconstruído dentro de uma concepção rigorosamente brasileira – havia sido a expressão máxima desse movimento no Brasil foi uma conseqüência da Semana de Arte Moderna de 1922.
 
ESCULTOR, ENTALHADOR E ARQUITETO MINEIRO – UM GÊNIO ESCULPIDO PELA DOR
Filho de escrava com um mestre-de-obras português, Antônio Francisco Lisboa – o Aleijadinho – nasceu em 1730, na então capital de Minas Gerais: Vila Rica (hoje, Ouro Preto). Desde menino, seguindo os passos de seu pai, inicia-se nos trabalhos de entalhador, desenhando fachadas de igrejas e ajudando nos projetos.
ÉPOCA DE OURO
O artista teve o “privilégio” de ter vivido a idade do ouro, viu o apogeu da mineração (trabalho feito em sua maior parte por escravos) e, também, assistiu ao seu declínio. Foi contemporâneo de vários poetas, além de Tiradentes. Com a descoberta do ouro, no século XVIII, Minas Gerais torna-se o principal centro econômico do país. Nessa época, o barroco brasileiro atinge seu apogeu com o trabalho de muitos artistas mineiros.
Influenciado pelo barroco português, o movimento assume características próprias no Brasil, dando início efetivo à arte nacional. A principal produção, ligada à Igreja, foram esculturas de materiais tipicamente nacionais como madeira e pedra-sabão. O luxo daquela época ficou marcado através das construções religiosas, sobretudo na utilização de ouro para decoração interior.
Até a metade daquele século, esse tipo de arquitetura em Minas é considerada uma das mais pobres em relação ao restante do país. No entanto, movida pelo ouro e o gênio de muitos artistas, logo atingiu a vanguarda. Aleijadinho, então, viveu todo esse ambiente de intensa criação artística, agitação política e poderio econômico. Sendo assim, podemos assegurar que o lugar e a época contribuíram muito para que o artista esculpisse o seu nome para sempre na história artística do Brasil.
“MARCAS” NA MATÉRIA PRIMA
A madeira e a pedra-sabão foram a matéria prima para sua arte: profetas, imagens, crucifixos, fontes, pias, portas, púlpitos, brasões e igrejas. As “marcas” dos trabalhos de Aleijadinho são: olhos mongóis, maças do rosto salientes, queixo bipartido e cabelos em caracóis. Expressões que sugerem hipóteses: refletiriam o drama pessoal do artista ou o sentimento trágico dos inconfidentes mineiros. Sua obra é rica em detalhes e as esculturas sugerem um artista viajado, lido e muito estudado. Mas Aleijadinho nunca saiu de Minas, não leu mais que a Bíblia e outros pouquíssimos livros. Seus mestres foram seu pai, os frades e os artistas com quem trabalhou.
UM ARTISTA RECLUSO E TRISTE
Não há registro de sua imagem, embora se saiba que ele foi um mulato baixo, gordo e cabeçudo. Isto, numa época de terríveis preconceitos... Com mais de 40 anos de idade, suas pernas e mãos começam a se deformar em consequência da sífilis, assim passa a ter dificuldade nos movimentos. Mas a limitação não o impede de continuar trabalhando na construção de igrejas, capelas e altares das cidades da região do ouro de Minas Gerais...
Quando se viu consumido pela doença, tanto o corpo quanto o temperamento, Aleijadinho se fechou: de alegre e extrovertido, passou a ser triste e recluso. Saía à rua somente quando necessário, coberto por uma capa e sob um chapéu de abas bem largas. E é claro, foi por causa de suas deformações físicas que recebeu o apelido, o mesmo que posteriormente, eternizou-o como o maior escultor barroco do Continente Americano. Talvez ele não fosse hoje o mesmo Aleijadinho que conhecemos através de anjos e profetas, livre da dor. É bem provável que a doença e o sofrimento tenham esculpido o seu gênio criador.
CONSAGRAÇÃO
O artista morreu em 1814, em Ouro Preto e, permaneceu esquecido até o início do século seguinte, quando foi reconhecido como o mais importante artista brasileiro do século XVIII. Hoje, Aleijadinho é um nome significativo em todo o mundo e figura ao lado de artistas como Bellini, Michelângelo e Rodin.
A OBRA-PRIMA DE ALEIJADINHO, EM CONGONHAS DO CAMPO, NASCEU DE UMA PROMESSA...
Ao curar-se de uma doença, o minerador Feliciano Mendes ergueu um santuário a Bom Jesus de Matosinhos, contratando os maiores artistas mineiros. Entre 1796 e 1805, portanto durante nove anos, com as mãos deformadas, Aleijadinho esculpiu o maior conjunto de esculturas barrocas, o mais importante de sua vida, considerado um dos mais representativos do período colonial brasileiro.
O trabalho, todo em tamanho natural, reúne 66 figuras esculpidas em madeira de cedro e 12 profetas feitos de pedra-sabão. As imagens de madeira ficam expostas nas 6 capelas dos Passos ou capelas da Via Crucis – que representam as cenas da Paixão – e “conduzem” ao topo de uma colina onde estão os profetas ao ar livre. Das figuras de madeira, destacam-se 7 Cristos, que Aleijadinho esculpiu em cada imagem um vigor especial ao sofrimento. Mas em todas elas, a estrutura física é a de um homem atlético.
OBRAS EM MARIANA
A Basílica de Nossa Senhora da Assunção ou Catedral da Sé (praça Cláudio Manoel) foi construída entre 1711 a 1760. Mais rica de Mariana, além de retábulos das 3 fases do barroco, possui um órgão alemão. O lavabo da sacristia é de Aleijadinho. Anexo à Igreja da Sé, localiza-se o Museu de Arte Sacra ou Museu Arquidiocesano. Antiga Casa Capitular – um casarão rococó do século XVIII, construído em 1770. O museu foi fundado em 1962, tendo como destaques: relicários e imagens de santos de Aleijadinho, fonte de pedra-sabão atribuída também a ele e a tela de Athayde: “Queda de Jesus”.
A Igreja de São Francisco de Assis, construída entre 1762 a 1794, encontra-se pinturas de Athayde no teto da sacristia, além do túmulo do pintor. Há uma imagem de São Roque vinda da França. O medalhão da portada é atribuído a Aleijadinho.
OBRAS EM OURO PRETO
A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis da Penitência, localizada no largo de Coimbra ou largo de São Francisco, construída entre 1771 e 1794, foi projeto e construção de Aleijadinho. Na porta há dois medalhões em pedra-sabão: um com a imagem de N. S. da Conceição e o outro com S. Francisco recebendo as cinco chagas de Cristo no monte Alverne. Todos os santos e imagens transmitem a aceitação do sofrimento através da imagem da paixão de Cristo e dos votos franciscanos. Também de Aleijadinho é o retábulo do altar-mor e o púlpito. No forro da nave, pintura tridimensional de Mestre Athayde, apresenta N. S. da Conceição cercada de anjos, todos com feições de mulatos. Tal igreja, abriga parte do acervo do Museu Aleijadinho, na sacristia e no Consistório; em frente há uma feira permanente de artesanato em pedra-sabão.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição ou Matriz de Antônio Dias (praça Antônio Dias), substituiu a capela erguida em 1699 pelo bandeirante Antônio Dias – fundador de Vila Rica. Construída entre 1727 a 1760, com projeto e construção de Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, é a maior da cidade, rica em trabalhos barrocos. Abriga, na sacristia e na cripta, parte do acervo do Museu Aleijadinho como: mesa funerária de jacarandá e busto de pedra-sabão de S. Francisco de Paula. No altar de N. S. da Boa Morte está sepultado o Aleijadinho e, na mesma igreja, também encontra-se o túmulo de seu pai.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída entre 1766 a 1776, com projeto do pai de Aleijadinho, que morreu e foi substituído pelo filho. Além de modificar a obra, Aleijadinho fez o trabalho de pedra-sabão na portada, o lavabo da sacristia e as talhas dos altares de S. João Batista e N. S. da Piedade. A pintura do forro e o dourado do altar-mór são de Athayde. É a igreja mais central, onde se encontram as últimas obras de Aleijadinho e do mestre Athayde. Os azulejos de faiança portuguesa, do século XVIII, da capela-mor sobre N. S. do Carmo são os únicos em igrejas mineiras.




 
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